Na porta da escola, não encontrei aquelas mães fofoqueiras, mas vi umas garotas de calça apertada e uns meninos sem camisa, ouvindo funk, esperando os "mano" deles sairem da escola.
Quando o Digão saiu, peguei sua mão e viemos conversando e cantando. Então, veio a revelação:
_Meu amigo me ensinou uma poesia pra pegar meninas.
Ok, um menino de 11 anos - que há 8 anos eu custo a acreditar que já sabe ler e amarrar os sapatos - falando de "pegar" meninas.
_Sério Digo? - respondo, olhos arregalados - qual?
_Ah, é assim:
"Eu não tenho QI e vou entrar pro pcc
Mas queria te dizer
O quanto amo você"
_What?
Eu, pseudo poetisa, ouvindo uma pérola dessas.
_Ah Lô, eu sei que as meninas não curtem muito! Só queria te contar.
De repente, uma pirralha de uns 12 anos, cabelo tingido, sutiã de bojo e calça baixa e apertada me grita um:
_E aí, Diguiiiiiiiinhuuuuuu, beleza?
Eu me assusto:
_Rodrigo Vilela, não brinca que você anda com esse tipo de gente!!!
_Ah, ando não. Meu amigo João já pegou ela!
_Tá, não entre em detalhes sórdidos, você provavelmente pegou a amiga dela, e...
_Não, não gosto desse tipo de menina. Mas também não gosto de nerds igual você.
Meus olhos se enxeram de lágrimas, ignoro a ofensa, não faz mais sentido chamar o garoto - que nesse momento está me contando uma história incrível - de anão. Tento resgatar a infância que semana passada ainda existia:
_E aí, carinha, vamos assistir Hannah Montana?
E ele me olha, e abre um sorriso, e tira o filme infantil que a gente tinha acabado de alugar, da mochila, pra ver o encarte.
Hoje nós vamos assistir Monstros x Alienígenas. Nem ligo, faço qualquer coisa pelo meu motorista de autorama.
Só pra constar, eu te amo (L)